A profissão desta cubana é "ser passado".
Faz-se pagar por isso.
De manhã, arranja-se para envergar o passado do seu país: prende algumas flores tradicionais no cabelo, um colar festivo de missangas coloridas e senta-se, bonacheirona, a um canto da rua, com um charuto que me faz lembrar Ibrahim Ferrer no Buena Vista Social Club.
Uma turista mais arisca precipita-se sobre ela, empunhando uma máquina fotográfica.
A cubana repele-a bruscamente. Hoje, em Cuba, há um preço para quem quer registar o tempo ido.
De repente, a artificialidade disto:
ter que comprar o instante em que alguém me fez lembrar Ibrahim Ferrer.
Sem comentários:
Enviar um comentário