terça-feira, 20 de abril de 2010

Minhas cidades.


Há duas cidades nos meus sonhos.

Uma é Istambul. Outra é Buenos Aires. Se pareço não estar, é nelas que penso.

[Estou a chegar de barco ao porto de Istambul; estou a atravessar uma calle temperamental de Buenos Aires.]

Por vezes, acho que as minhas cidades são mais vidas que cidades: são a vida da vida que não basta. O meu superlativo absoluto de felicidade.

As minhas cidades são ruas por detrás das ruas onde caminho.

As minhas cidades são todas as pessoas que perdi, em bancos de pedra à beira mar.

[Estou ajoelhada na Hagia Sofia. Estou a ouvir um tango de Astor Piazolla.]

As minhas cidades, porque são vidas, podiam não ser Istambul ou Buenos Aires.

Podiam ser um lago na Eslovénia. Uma praça em Siena. Ou um longuíssimo silêncio na catedral de Colónia.

Uma ópera no Teatro de Epidauro.

E a manhã que ficou depois de uma noite de verão.

[Atravessei de noite a Ponte do Bósforo. Saí da Mesquita Azul. Deixei de ouvir um tango.]



[na foto: "Mesquita Azul", em Istambul]

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